O fim da era dos cliques: inteligência artificial redefine o marketing digital
Modelos de linguagem e assistentes inteligentes estão reduzindo o tráfego orgânico e exigindo novas estratégias de otimização digital
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O comportamento dos consumidores está mudando e os mecanismos de busca também. Na era da inteligência artificial generativa, em que plataformas oferecem respostas diretas e conversacionais, até os maiores nomes do e-commerce estão sentindo os efeitos dessa transformação.
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De acordo com uma análise da Macfor, agência especializada em marketing digital e AEO (Answer Engine Optimization), a Amazon Brasil registrou uma queda de 27% no tráfego orgânico entre janeiro e julho de 2025. O dado chama atenção especialmente por ter ocorrido em plena preparação para o Prime Day, uma das principais datas promocionais da empresa.
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A redução foi gradual e constante sinal de que não se trata de uma oscilação momentânea, mas de uma mudança estrutural no comportamento online. Mesmo com investimentos em mídia paga que elevam o tráfego em períodos estratégicos, a consistência do acesso gratuito está sendo comprometida por um novo tipo de concorrência: os mecanismos de resposta baseados em inteligência artificial.
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De “cliques” a “respostas diretas”
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Tradicionalmente, os buscadores direcionavam o usuário a sites externos. Agora, tecnologias como o Google SGE (Search Generative Experience) e plataformas como o ChatGPT oferecem respostas completas diretamente na busca, sem necessidade de abrir páginas. Na prática, isso significa que uma parte crescente das consultas de pesquisa nunca chega aos sites das empresas.
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Para o varejo online historicamente dependente do tráfego orgânico para atrair consumidores com alta intenção de compra, o impacto é significativo. Até recentemente, acreditava-se que o e-commerce seria menos afetado por esse movimento. Mas os dados mostram o contrário: os “mecanismos de resposta” estão mudando a lógica do SEO tradicional.
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A nova fronteira: AEO, a otimização para mecanismos de resposta
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Manter-se visível nesse novo ambiente digital exige uma nova estratégia: o AEO (Answer Engine Optimization), processo de otimização de conteúdos para respostas fornecidas por modelos de linguagem e assistentes inteligentes. Não basta mais rankear bem no Google. É preciso ser a fonte mais confiável para uma IA que oferece respostas diretas, sem redirecionar o usuário.
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O foco agora está na relevância semântica: produzir conteúdos que respondam perguntas de forma natural, precisa e profunda o que implica repensar palavras-chave, funis de conversão e até a descrição de produtos e serviços.
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Um alerta para empresas de todos os tamanhos
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Embora a Amazon tenha conseguido compensar parte da perda com investimentos em mídia paga, o alerta está dado: nem os gigantes estão imunes à revolução da IA. Para o varejo brasileiro especialmente micro, pequenas e médias empresas que ainda dependem fortemente do SEO tradicional, adaptar-se a essa nova dinâmica será decisivo para sobreviver e crescer.
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A era do clique está ficando para trás. No novo jogo do varejo digital, vence quem souber conversar com as máquinas e ser escolhido por elas.




