Notícia

banner-news

Previdência: Padilha defende reforma e diz que direitos serão mantidos

Fonte: O Globo via site CACB

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, publicou em rede social nesta sexta-feira um vídeo defendendo a reforma da Previdência. Ele afirmou que as mudanças têm que ocorrer sob pena de o sistema previdenciário se tornar insustentável e não se conseguir mais, no futuro, bancar as aposentadorias. Ele garantiu, no entanto, que ninguém perderá direitos adquiridos.

— Não precisa correr para o posto do INSS. Todo mundo que tem o seu direito será preservado, não perderá absolutamente nada.

Ele ressaltou que os déficits crescentes na Previdência Social não podem continuar. Em 2015, o rombo foi de R$ 86 bilhões. Em 2016, a previsão é de que chegue a R$ 146 bilhões e, em 2017, entre R$ 180 bilhões e R$ 200 bilhões.

— Temos que mudar para preservar. Se não mudar não vai haver mais garantia do recebimento da aposentadoria.

Em um outro vídeo, o ministro destacou a importância da aprovação do projeto que renegocia as dívidas dos estados com a União. A proposta passou esta semana pelo plenário da Câmara dos Deputados e seguirá para o Senado assim que os parlamentares terminarem de votar os destaques apensados ao texto.

Padilha ressaltou que o projeto posterga os pagamentos integrais das parcelas à União por dois anos. O texto enviado ao Congresso prevê que os estados terão seis meses de carência completa dos pagamentos. A partir daí, o desconto é reduzido gradualmente, mês a mês, por 18 meses. Como contrapartida, o governo exige que os estados tenham um teto para o gasto público.

Reforma da Previdência: entenda a proposta em 14 pontos

Por que a reforma é necessária

A Previdência registra rombo crescente: gastos saltaram de 0,3% do PIB em 1997 para projetados 2,7% em 2017. Em 2016, o rombo é de R$ 149,2 bi (2,3% do PIB). Os brasileiros estão vivendo mais, a população tende a ter mais idosos, e os jovens, que sustentam o regime, diminuirão.

Quem será afetado

Todos os trabalhadores ativos. Quem tem até 50 anos terá de obedecer as novas regras integralmente; quem tem 50 anos ou mais terá regras mais suaves, mas com tempo adicional para requerer aposentadoria. Aposentados e quem completar os requisitos para pedir o benefício até a aprovação da reforma não serão afetados.

Quando as mudanças entrarão em vigor

Vai depender da aprovação da reforma no Congresso. O governo deve enviar a proposta ainda este ano, provavelmente entre setembro e outubro.

Regras de transição

O governo quer que a regra de transição dure 15 anos para que os efeitos da reforma sejam mais rápidos. Quem for enquadrado na regra de transição (com 50 anos ou mais) poderá se aposentar dentro das regras atuais, mas pagará pedágio de até 50% para requerer o benefício (se faltar um ano por exemplo, será preciso trabalhar 18 meses).

Idade mínima

No setor privado, trabalhadores se aposentam com cerca de 50 anos, ao completar o tempo de contribuição (35 anos, homens e 30, mulheres). O governo quer idade mínima de 65 anos, chegando a 70 para novas gerações. No funcionalismo, já há idade mínima (60 anos, homens e 55, mulheres), mas subirá para igualar regimes.

Fórmula de cálculo do benefício

O governo pretende mexer na fórmula de cálculo e pressionar o trabalhador a contribuir por mais tempo e, assim, melhorar o valor do benefício. Hoje, dificilmente, o segurado recebe benefício integral. A ideia é aplicar um percentual de 60% sobre a média das contribuições, acrescida de 1% sobre cada ano de contribuição.

Tempo mínimo de contribuição

Deve subir dos atuais 15 anos para 20 anos

Diferença de regras entre homens e mulheres

As mulheres podem se aposentar antes dos homens (com cinco anos a menos). O governo pretende reduzir essa diferença de forma gradual. Mas, a ideia é que dentro de 15 anos, a idade seja unificada em 65 anos para todos.

Aposentadorias especiais

A ideia é acabar com a diferença de 5 anos a menos para professores, mas de forma gradual. As regras devem ficar mais rigorosas para atividades de risco ou quem lida com agentes nocivos. PMs e bombeiros também podem se aposentar mais cedo, mas as mudanças são de competência dos estados.

Pensão

A pensão por morte, que é integral, deve ser reduzida para 60%, mais 10% por dependente, para todos os segurados (INSS e serviço público).

Trabalhadores rurais

Considerados segurados especiais, os trabalhadores das áreas rurais podem se aposentar por idade (60 anos homens e 55, mulheres), bastando apenas comprovação da atividade no campo. O governo quer que esse segmento também passe a contribuir para o regime, ainda que em condições mais facilitadas. A idade também vai subir.

Benefícios assistenciais (LOAS)

Idosos ou deficientes de baixa renda têm direito a um benefício assistencial mesmo sem nunca terem contribuído, o que é considerado injusto com os demais que contribuem. A ideia é subir a idade (hoje de 65 anos) para além dos demais e pagar um benefício um pouco mais proporcional.

Desvinculação do piso da Previdência do salário mínimo

O governo pretende desvincular o reajuste do salário mínimo (que permite ganhos reais) do piso previdenciário, o que exerce forte impacto nas contas do INSS. Mas, o assunto é polêmico e ainda não há definição se proposta de mudança será enviada ao Congresso junto à reforma da Previdência.

Militares das Forças Armadas

Os militares ficarão de fora da reforma. Mas devem ser feitos ajustes na carreira, que elevariam o tempo de serviço necessário para pedir transferência para a reserva de 30 anos para 35 anos. A idade compulsória (limite para permanência na ativa) deve acabar. Também está sendo avaliado o impacto fiscal da pensão das filhas.

— Isso dá um oxigênio para os estados por dois anos. Em muitos estados esse valor é muito expressivo e dá condições para eles possam enfrentar as dificuldades momentâneas. Como estamos vendo a confiança na economia sendo retomada nesse momento, rapidamente as receitas devem começar a crescer e, com a despesa congelada, teremos condições ver os estados crescerem de novo.