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Assessor da Faciap afirma que saída de Dilma é só o primeiro passo para recuperar o país

Fonte: Assessoria Faciap

As mudanças que podem ocorrer nos próximos dias no cenário político, com uma definição em relação ao impeachment e um possível afastamento da presidente por 180 dias, são apenas o início do trabalho para a recuperação na economia. A afirmação é do assessor econômico da Faciap, Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná, e também professor da FGV, Arthur Schuler da Igreja.

“A saída da presidente deve animar o mercado, trazendo alguma confiança. Porém em termos estruturais, o quadro é mais complexo”, afirma Arthur da Igreja. “Quem quer que assuma a presidência terá que começar uma recuperação que será muito lenta, gradual e dolorida. O cenário vai piorar para só então apresentar melhora”.

Segundo o assessor econômico da Faciap, o país está completamente fora da meta fiscal. Haverá déficit no orçamento próximo a 100 bilhões e um gasto com a previdência de 8% do PIB. “Enquanto não houver uma reforma previdenciária, o déficit deve continuar”, afirma Arthur Schuler da Igreja. “Há mais pessoas envelhecendo no Brasil do que jovens produzindo. A conta não fecha”.

O assessor econômico cita outros dados que desenham o cenário econômico do país: o desemprego bateu pela primeira vez 10% na série histórica, a inflação está em 10% e a taxa nominal de juros chegou a 14,25%. “Havia uma expectativa para 2016 de um rápido recuo da inflação por conta da queda de demanda, mas a inflação já chegou num momento em que se tornou uma inflação de expectativa e indexada”. O que quer dizer que o empresário, na expectativa de que a inflação vai ser alta, reajusta os preços e, assim, gera mais inflação. “Você não consegue medidas de curtíssimo prazo que bloqueiem essa inflação de expectativa”, diz Arthur Schuler da Igreja.

JUROS

O Banco Central mantém o juro alto para tentar frear a inflação. Um efeito danoso disso é que a dívida do governo aumenta. “Se tivéssemos uma tênue redução da taxa, o governo pouparia algo em torno de 30 bilhões equivalentes a juros”, afirma o assessor econômico da Faciap. O governo, segundo ele, caminha para 80% do PIB de endividamento. Já existe projeção de que em 2017, se nada mudar, o país baterá em 90% do PIB de endividamento público. “E esse juro não possibilita que o dinheiro circule na economia. Então tudo fica paralisado. A grande raiz disso é a falta de confiabilidade do cenário econômico-político”.

O FUTURO

De acordo com Arthur Schuler da Igreja, quem assumir terá que enfrentar os problemas de frente. Entre as medidas que precisam ser adotadas, uma redução drástica de orçamento. “Temos uma máquina pública do tamanho da de 2010, quando ainda havia crescimento, com uma economia caindo 3,8% ao ano”. Como o governo está muito inchado, não há espaço para diminuir o gasto em tempos de PIB em queda. Por isso, para 2016 a previsão é de retração da economia. “A gente começa a caminhar para o zero a zero em um ano, tão logo houver confiabilidade e começarmos a falar de reforma tributária, reforma da previdência e um corte brutal de gastos da máquina. Para depois retomar a capacidade de investimento e lentamente recuperar a economia em 2017, 2018”.